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Que texto! Na época de Fearless e Speak Now eu falava que ouvir Taylor era meu guilty pleasure, porque não era cool, né? Imagina sustentar com orgulho que ela era a artista que eu mais ouvia no meu last.fm?! Nunquinha!

Depois de Red tudo caiu por terra. Chutei o pau da barraca e me declarei fã de verdade. E foi um processo bem desagradável. Me sentia menos, frívola, infantil por conta da reação das pessoas e da cobrança que eu tinha comigo mesma.

Na época do grande cancelamento paguei de fã obsessiva que defende o artista em todas as situações, mesmo nas mais absurdas. TODO MUNDO atacava ela. Homens e mulheres. Era emoji cobra no twitter inteiro, muito ódio e na época eu não tinha o repertório de conhecimento de violência contra a figurina feminina como tenho hoje. NInguém tinha né. Eu defendia ela porque sentia que a versão dela era abafada. Eu tinha um gut feeling que a história não era bem assim, não tava fazendo sentido.

Hoje eu vejo que ela tava tão ferida, não tinha provas de defesa e mesmo se tivesse não seria ouvida. Imagino só a dor que deve ser passar por isso numa escala tão grande.

É bem louco ver como a artista que eu gostei por tanto tempo e nem tinha com quem conversar sobre furou a bolha e conseguiu acessar tanta gente. Fico feliz porque essas letras merecem ser ouvidas, cantadas, gritadas e amadas. E hoje tenho orgulho de sustentá-la, por anos seguidos, como a artista mais ouvida do meu Spotify.

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Dec 1, 2023Liked by clarissa wolff

Reativei - ou melhor, ativei pela primeira vez depois de um uso meramente esporádico - a minha conta nessa plataforma (?) só pra comentar o quanto o seu texto converso comigo!

Passei MUITOS anos da infância sem saber onde me encaixar: baixa autoestima, pressão familiar e inseguranças me impediam de formar laços de amizade e por alguma razão (cof cof mídia em geral, misoginias e afins) achei que eu não me encaixava porque as meninas não eram amigas confiáveis, mas com certeza os meninos seriam. Então, passei a conscientemente "não ser como as outras garotas". Só que tinha um problema nesse comportamento: eu ERA como as outras garotas.

Eu amava Crepúsculo, Taylor Swift e boybands. Eu amava animes de boys love e doramas de romance bobos e mal produzidos. Só que nenhuma dessas coisas era "cool", tudo era "bobo", "não-arte", "não-sério". Então, por mais fã que eu fosse, por maior que fosse o conforto que essas coisas me transmitissem, eu tentava esconder meus gostos e disfarçava os demais traços com outras características - porque é claro que não sou "fútil" como as outras meninas, neh? Foi por volta dessa época que tentei escutar umas bandas de rock que, sinceramente, não sou capaz de listar uma única música kkkkk.

As coisas só mudaram quando entrei num fandom (na época) predominantemente masculino - o de animes - que me fez finalmente entender o óbvio: não importava que eu não fosse "como as outras garotas". Eu ainda era uma garota e nunca seria respeitada como os garotos respeitam uns aos outros. Minhas opiniões nunca seriam levadas a sério, mesmo que eu falasse sobre as supostas "coisas sérias" e as "artes de verdade". Perceber isso foi frustrante, mas também libertador, porque de repente não fazia mais sentido esconder, já que nada adiantava. Foi quando autorizei a mim mesma ser a fã-girl que eu sempre fui. Seu texto me lembrou desse sentimento e fico muito feliz de poder partilhar dessas reflexões!

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