Como consumidores do conteúdo de um influenciador, não seria legal comentar, curtir e interagir com posts publicitários como forma de permitir a longevidade desse creator?
Acho que tem uma outra camada aqui que merece atenção: a gente tá cansado que toda nossa atenção esteja sequestrada pra pensar sobre comprar objetos e experiências. Quando tudo é dominado por propaganda, e a única forma do produtor se manter de fato é sendo garoto propaganda, isso também afeta o restante do conteúdo, já que é impossível atrair a atenção das agências sem estar atento a uma diversidade de parâmetros que nem sempre são adequados pra ser medir uma produção artística. O problema não é a falta de dedicação com que são feitos esses conteúdos, mas justamente o excesso: o olhar que acaba contaminando o que não é anúncio, e até quem não está nem mesmo contratado.
eu não sei se eu concordo. quando falo da qualidade do conteúdo que é feito, eu não penso em publis/propagandas bem feitos (tipo os giovanna ferrarezi - https://www.instagram.com/p/CeoQm_FpZ_0/?hl=en), mas sim branded bem integrado (como faz a newsletter margem) ou branded content MESMO, de qualidade, que entrega valor pra pessoa independente do lado publi. te convido a olhar esses aqui embaixo que eu fiz para obvious e me contar o que voce acha :)
em um recente veio um comentário: "amei esse post, pena que é publi". aqui entra a minha dúvida: se o post foi amado, por que o fato único de ser publi seria capaz de estragar?
acho que o centro da coisa é a questão da autenticidade, que já foi mencionada aqui nos comentários. uma visão comum sobre os publis é que o influenciador tem todo o direito de fazê-los e isso não vai gerar unfollows. o seguidor tem a consciência de que o influenciador mereça receber por sua proeminência e não condena a existência dos publis. a questão está nele de fato consumir esse conteúdo. quando ele não enxerga autenticidade nesse conteúdo ele vai entender que aquilo só está sendo feito pra vender e vai ignorar, afinal ele está ali para ver o que o influenciador acha sobre determinado tema, e não o que uma marca acha.
quando vamos para branded content, aí vem as nuances. ele é uma tentativa de aproximar o usuário nessa questão da autenticidade. o nível de sucesso vai depender do quão bem feito aquilo é. não tenho dados sobre isso, mas não tenho a impressão de que uma grande parcela dos usuários ignore um conteúdo super relevante e que tenha a ver com aquele influenciador ignore aquilo. o problema é que para um branded content chegar nesse nível de autenticidade que o usuário busque tudo tem que ser muito bem amarrado, e nem sempre influenciadores e times de marketing das marcas tem esse tempo/disposição/expertise. eu trabalho no marketing de uma grande empresa de alimentos e vejo erros básicos sendo cometidos a todo momento.
super te entendo. na minha experiência como usuária, é comum ver comentários como "amei, pena que é publi", e foi daí que surgiu esse questionamento, sabe?
Eu acho que pode ter muito a ver com o fato da internet ter inicialmente criado uma imagem de autenticidade, principalmente nas redes sociais. Um espaço "livre" onde cada um livremente fala sobre o que quer, livre de interesses. Pessoas "reais". Isso nunca foi real, mas essa impressão ainda existe. Entendo que a partir do momento que a pessoa faz um conteúdo que foi pago, gera esse sentimento que você citou de: iiih já não é mais o fulano falando, é o dinheiro falando. Não vejo influencer sendo crucificado por isso, mas acho que o interesse diminui um pouco. Porque daí, do que a internet se diferencia dos modelos que tínhamos antes de publicidade? Fora que tem criador de conteúdo que faz publi com muita coerência, já outros... fica bem difícil de acreditar. Enfim, só reflexões. Obrigada pelo texto!
é muito doido pq lá atrás, nos chats que existiam, era praxe mentir nome, idade, cidade, sabe? isso lá no comecinho dos anos 2000, 20 anos atrás. essa fantasia de uma autenticidade online é baseada em algo que não é real. curioso, né? concordo com você total nesse ponto. discordo que a internet se diferencie dos modelos antigos - publi em veículos impressos também incluia viagens pra jornalistas, presentes, produtos de graça, relacionamento com os PRs das marcas... tem o jabá do mundo da música que é uma prática super antiga... e muitos outros. só que a gente esquece disso. e acho que apesar de tudo na internet existe uma oportunidade de ser muito mais sincero porque não se responde a veiculos, a decisão é toda nossa, sabe? daí precisa ter ética e critérios pessoais. comentei ali em cima: essa conversa tem vindo cada vez mais à tona, o que fez com que influenciadores se manifestassem, apresentassem os critérios pra negar/aceitar clientes, o que eu achei bem legal. um caminho por transparência é sempre o ideal em todos os mercados, e acho que sobre isso também.
Achei interessantíssimo seu texto - esse tema sem dúvida gera muita discussão.
E, apesar do certo ser os influenciadores avisarem quando é conteúdo pago / parceria / publicidade, tem muitos deles que não o fazem, e promovem produtos que não usam (nem jamais usariam), como se fossem #dicas. Talvez essa seja uma das raízes do problema! Quem deveria ajudar a profissionalizar o trabalho, não o faz...
concordo 100%! todos os trabalhos têm maus profissionais e aqui não seria diferente. existe falta de ética às vezes e essa conversa tem vindo cada vez mais à tona, o que fez com que influenciadores se manifestassem, apresentassem os critérios pra negar/aceitar clientes, o que eu achei bem legal. um caminho por transparência é sempre o ideal em todos os mercados, né? o que voce acha?
Eu acho que a gente tem mania de odiar a publi porque tem a mania de ser "contra o sistema" esquecendo que, infelizmente, o capitalismo comanda as nossas vidas. Achamos, porque fomos criados para isso, que conteúdo bom na internet é o gratuito e quando há uma empresa por trás já achamos que o creator se "vendeu" completamente, meio que inconscientemente. Se criou uma ideia generalizada disso. Meio como "se você não sabe o dia que a mãe do baterista da banda que você gosta faz aniversário, você é poser" dos anos 00, sabe? Eu imagino algo nessa pegada...
eu nunca tinha pensado em relacionar com essa galera que policia gostos alheios, mas lendo seu comentário faz total sentido. é o mesmo purismo cultural, né?
Acho que tem uma outra camada aqui que merece atenção: a gente tá cansado que toda nossa atenção esteja sequestrada pra pensar sobre comprar objetos e experiências. Quando tudo é dominado por propaganda, e a única forma do produtor se manter de fato é sendo garoto propaganda, isso também afeta o restante do conteúdo, já que é impossível atrair a atenção das agências sem estar atento a uma diversidade de parâmetros que nem sempre são adequados pra ser medir uma produção artística. O problema não é a falta de dedicação com que são feitos esses conteúdos, mas justamente o excesso: o olhar que acaba contaminando o que não é anúncio, e até quem não está nem mesmo contratado.
eu não sei se eu concordo. quando falo da qualidade do conteúdo que é feito, eu não penso em publis/propagandas bem feitos (tipo os giovanna ferrarezi - https://www.instagram.com/p/CeoQm_FpZ_0/?hl=en), mas sim branded bem integrado (como faz a newsletter margem) ou branded content MESMO, de qualidade, que entrega valor pra pessoa independente do lado publi. te convido a olhar esses aqui embaixo que eu fiz para obvious e me contar o que voce acha :)
será que a dopamina é vilã? (droga raia) https://www.instagram.com/p/ClltzV5OF1e/?hl=en
sobre coragem (natura): https://www.instagram.com/p/CmWpUv9OrHl/?hl=en
conselhos pra cuidar do cérebro (simply): https://www.instagram.com/p/Cl6UEX5ORDz/?hl=en
mudanças de perspectivas para o ano (sallve): https://www.instagram.com/p/Cn7hw0NvUh0/?hl=en
é só ter disciplina? (buscofem): https://www.instagram.com/p/CmM_O3FORPM/?hl=en
como aumentar a qualidade das nossas relações (boticario): https://www.instagram.com/p/Cl6UJxHO_yG/?hl=en
em um recente veio um comentário: "amei esse post, pena que é publi". aqui entra a minha dúvida: se o post foi amado, por que o fato único de ser publi seria capaz de estragar?
acho que o centro da coisa é a questão da autenticidade, que já foi mencionada aqui nos comentários. uma visão comum sobre os publis é que o influenciador tem todo o direito de fazê-los e isso não vai gerar unfollows. o seguidor tem a consciência de que o influenciador mereça receber por sua proeminência e não condena a existência dos publis. a questão está nele de fato consumir esse conteúdo. quando ele não enxerga autenticidade nesse conteúdo ele vai entender que aquilo só está sendo feito pra vender e vai ignorar, afinal ele está ali para ver o que o influenciador acha sobre determinado tema, e não o que uma marca acha.
quando vamos para branded content, aí vem as nuances. ele é uma tentativa de aproximar o usuário nessa questão da autenticidade. o nível de sucesso vai depender do quão bem feito aquilo é. não tenho dados sobre isso, mas não tenho a impressão de que uma grande parcela dos usuários ignore um conteúdo super relevante e que tenha a ver com aquele influenciador ignore aquilo. o problema é que para um branded content chegar nesse nível de autenticidade que o usuário busque tudo tem que ser muito bem amarrado, e nem sempre influenciadores e times de marketing das marcas tem esse tempo/disposição/expertise. eu trabalho no marketing de uma grande empresa de alimentos e vejo erros básicos sendo cometidos a todo momento.
super te entendo. na minha experiência como usuária, é comum ver comentários como "amei, pena que é publi", e foi daí que surgiu esse questionamento, sabe?
Eu acho que pode ter muito a ver com o fato da internet ter inicialmente criado uma imagem de autenticidade, principalmente nas redes sociais. Um espaço "livre" onde cada um livremente fala sobre o que quer, livre de interesses. Pessoas "reais". Isso nunca foi real, mas essa impressão ainda existe. Entendo que a partir do momento que a pessoa faz um conteúdo que foi pago, gera esse sentimento que você citou de: iiih já não é mais o fulano falando, é o dinheiro falando. Não vejo influencer sendo crucificado por isso, mas acho que o interesse diminui um pouco. Porque daí, do que a internet se diferencia dos modelos que tínhamos antes de publicidade? Fora que tem criador de conteúdo que faz publi com muita coerência, já outros... fica bem difícil de acreditar. Enfim, só reflexões. Obrigada pelo texto!
é muito doido pq lá atrás, nos chats que existiam, era praxe mentir nome, idade, cidade, sabe? isso lá no comecinho dos anos 2000, 20 anos atrás. essa fantasia de uma autenticidade online é baseada em algo que não é real. curioso, né? concordo com você total nesse ponto. discordo que a internet se diferencie dos modelos antigos - publi em veículos impressos também incluia viagens pra jornalistas, presentes, produtos de graça, relacionamento com os PRs das marcas... tem o jabá do mundo da música que é uma prática super antiga... e muitos outros. só que a gente esquece disso. e acho que apesar de tudo na internet existe uma oportunidade de ser muito mais sincero porque não se responde a veiculos, a decisão é toda nossa, sabe? daí precisa ter ética e critérios pessoais. comentei ali em cima: essa conversa tem vindo cada vez mais à tona, o que fez com que influenciadores se manifestassem, apresentassem os critérios pra negar/aceitar clientes, o que eu achei bem legal. um caminho por transparência é sempre o ideal em todos os mercados, e acho que sobre isso também.
Achei interessantíssimo seu texto - esse tema sem dúvida gera muita discussão.
E, apesar do certo ser os influenciadores avisarem quando é conteúdo pago / parceria / publicidade, tem muitos deles que não o fazem, e promovem produtos que não usam (nem jamais usariam), como se fossem #dicas. Talvez essa seja uma das raízes do problema! Quem deveria ajudar a profissionalizar o trabalho, não o faz...
concordo 100%! todos os trabalhos têm maus profissionais e aqui não seria diferente. existe falta de ética às vezes e essa conversa tem vindo cada vez mais à tona, o que fez com que influenciadores se manifestassem, apresentassem os critérios pra negar/aceitar clientes, o que eu achei bem legal. um caminho por transparência é sempre o ideal em todos os mercados, né? o que voce acha?
exatamente!!!
transparência sempre!
Eu acho que a gente tem mania de odiar a publi porque tem a mania de ser "contra o sistema" esquecendo que, infelizmente, o capitalismo comanda as nossas vidas. Achamos, porque fomos criados para isso, que conteúdo bom na internet é o gratuito e quando há uma empresa por trás já achamos que o creator se "vendeu" completamente, meio que inconscientemente. Se criou uma ideia generalizada disso. Meio como "se você não sabe o dia que a mãe do baterista da banda que você gosta faz aniversário, você é poser" dos anos 00, sabe? Eu imagino algo nessa pegada...
eu nunca tinha pensado em relacionar com essa galera que policia gostos alheios, mas lendo seu comentário faz total sentido. é o mesmo purismo cultural, né?