alcateia #36, a lista de leitura de Tobi Vail
A baterista do Bikini Kill indica de Tolstoi a Ferrante.
Há uma década, entrevistei Tobi Vail, baterista da banda Bikini Kill, que desembarca no Brasil no próximo mês e faz um show no dia do meu aniversário. (Quem for, comemora por mim também!!!!!)
Nossa conversa foi da música ao feminismo à literatura, e é dessa última que venho falar aqui. Apresento a vocês…
A lista de leitura de Tobi Vail há dez anos
Anna Karenina, Tolstoi - “gostei muito, muito mesmo”
A garota no trem, Paula Hawkins - “muito divertido”
O pintassilgo, Donna Tartt - “divertido, emocionante, gostei especialmente da parte que se passa em Vegas”
He died with his eyes open, Derek Raymond - “um favorito antigo que redescobri”
Apocalypse Baby (original em francês), Virginie Despentes - “lendo agora e gostando”
Série Claire Dewitt da Sara Gran - “gosto muito de livros policiais e de mistério, adoro essa série que pode ser classificada como um noir feminista”
Citizen: An American Lyric, Claudine Rankin - “apreciando”
The People's Platform: Taking Back Power and Culture in the Digital Age, Astra Taylor - “interessante”
A garota da banda, Kim Gordon, e Clothes, clothes, clothes. Music, music, music. Boys, boys boys., de Viv Albertine - “leio muitos desses livros sobre rock, especialmente escrito por mulheres, e esses são livros excitantes, tristes e inspiradores”
Green girl e Heroines, de Kate Zambreno - “faz parte dos favoritos”
A bibliografia de Rachel Cusk, Karl Ove Knausgaard, Elena Ferrante, Valerie Luiselli - “novos favoritos”
Bônus: 3 perguntas sobre feminismo
1) O feminismo viveu momentos revolucionários ao longo da história, mas parece que o capitalismo engole tudo. Por que você acha que isso acontece?
“Acho que esse pode ser uma forma falsa de analisar. Se considerarmos o quanto a cultura popular e a mídia como um todo são ligadas ao capitalismo e às tendências, então precisamos ter cuidado com essa perspectiva ao analisar a história. O feminismo é plural e contínuo, existe de diversas formas simultaneamente e nunca cessa.”
2) Em Girls to the front, Sara Marcus fala que você disse que o movimento rio grrrl se tornou muito sobre “girl” e pouco sobre “riot”, ou seja, mais sobre ser mulher do que sobre a revolução. O que você acha que pode ser feito diferente?
“Movimentos jovens acabam se perdendo nessa ideia de identidade. Uma alternativa seria um movimento que atravesse e conecte gerações.”
3) Tem algum ícone mulher que você admire?
“Não valorizo a fama e desprezo a cultura da celebridade, então não vou responder.”
(Sim, levei belos tapas na cara durante toda a entrevista.) (E, sim, aprecio a cultura da celebridade, fofoquinhas de famosos, e tenho muitas ídolas!!!!)
Acho que dá pra ter ícone ou ser fã de alguém sem gostar da cultura de celebridade, né. Admirar o trabalho de alguém não é necessariamente se interessar pela sua vida pessoal… Inclusive ela poderia ter falado, sei lá, <minha mãe > ou <minha professora do primário Bety>. Mas riot é riot, entendi mais como um sacolejo do que nao ter essa resposta. :)